Descontaminação de oleoduto da base das Lajes arranca em junho ou julho

Os trabalhos de descontaminação dos oleodutos da base das Lajes, na ilha Terceira, que estavam suspensos desde 2018, vão ser retomados em junho ou julho, revelou hoje o vice-presidente do Governo Regional dos Açores.

“Vai iniciar-se já em junho ou julho, dependendo do atraso do empreiteiro, o processo de descontaminação do ‘pipeline’ [oleoduto]”, avançou, em declarações à Lusa, o vice-presidente do executivo açoriano, Artur Lima.

O governante participou na 49.ª reunião da Comissão Bilateral Permanente entre Portugal e os Estados Unidos da América, que decorreu na terça-feira em Washington D.C., nos EUA, onde obteve garantias da parte norte-americana de que a descontaminação iria avançar nos próximos meses.

Em causa está a contaminação de solos e aquíferos na Praia da Vitória, na ilha Terceira, provocada pelo armazenamento e manuseamento de combustíveis e outros poluentes pela Força Aérea norte-americana na base das Lajes.

Identificada em 2005 pelos próprios norte-americanos, a contaminação foi confirmada, em 2009, pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que monitoriza desde 2012 o processo de descontaminação.

Segundo Artur Lima, o processo de descontaminação do oleoduto, um dos locais onde foi detetada contaminação, estava suspenso desde 2018, mas já na reunião anterior da bilateral os Estados Unidos se tinham comprometido a retomá-lo.

“É um primeiro passo que se vai dar no processo de descontaminação, que estava suspenso há já alguns anos e que tinha começado timidamente”, frisou.

O governante disse que os EUA manifestaram vontade de “continuar o processo”, estando previstas posteriormente outras intervenções nos locais “mais perigosos”.

“Ao fim de 11 anos de luta, estamos no bom caminho. Finalmente aceitaram a contaminação, aceitaram descontaminar e sobretudo pagar essa descontaminação”, salientou.

A próxima reunião da Comissão Bilateral Permanente, que deverá decorrer em novembro de 2023, terá lugar na ilha Terceira e Artur Lima disse esperar que os participantes possam “visitar os trabalhos de descontaminação e avaliar como correm”.

O vice-presidente do executivo açoriano destacou ainda “avanços significativos” nas questões laborais na base das Lajes.

Em 2022, as forças norte-americanas destacadas nas Lajes corrigiram a tabela salarial dos trabalhadores civis portugueses, para que em nenhum escalão fosse auferido menos do que o salário mínimo regional (mais 5% do que o nacional).

A situação gerou, no entanto, injustiças nos escalões seguintes, por isso o executivo açoriano apelou a uma nova revisão das tabelas salariais.

“Fez-se justiça num lado e criou-se uma injustiça do outro. Passaram a existir trabalhadores que, com mais tempo de serviço, ganhavam pouco mais do que aqueles que tinham entrado”, explicou Artur Lima.

Segundo o governante, os norte-americanos “perceberam a injustiça” que foi criada “inadvertidamente” e aceitaram iniciar um processo negocial com a parte portuguesa, para corrigir a grelha salarial.

Foi ainda aprovada nesta reunião a reativação do comité de cooperação com os Açores, que estava “suspenso há anos” e que vai permitir à região “cooperar estreitamente com entidades americanas”.

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