As três câmaras hiperbáricas existentes nas unidades de saúde dos Açores, estão sem certificação, embora só duas delas estejam a ser utilizadas regularmente para tratar acidentes de mergulho ou para curar feridas, admitiu hoje fonte do executivo.

“As câmaras hiperbáricas estão disponíveis e acessíveis ao público e aos utentes sem qualquer impedimento, pese embora a necessidade de certificação das mesmas”, admitiu a Secretaria Regional da Saúde e Desporto, em comunicado enviado à Lusa, adiantando que a tutela “iniciou já um processo de apoio aos hospitais”, com vista a resolver o problema.

Em causa estão as câmaras hiperbáricas dos hospitais do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, e do Hospital da Horta, no Faial, que perderam a certificação que ostentavam, embora continuem a ser utilizadas, e também um equipamento semelhante instalado no Centro de Saúde de Santa Cruz das Flores, que só era utilizado pontualmente.

Segundo apurou a Agência Lusa, a empresa alemã que montou as câmaras hiperbáricas nos Açores exige 340 mil euros por cada certificação, valor que as administrações hospitalares consideram ser “incomportável”, embora os tratamentos com este tipo de equipamento não tenham sido, entretanto, suspensos.

“Importa, no entanto, ressalvar que o apoio efetivo e integral aos utentes em contexto hiperbárico está garantido, assim como a qualidade e a segurança da prática profissional que tais situações exigem”, assegura a mesma nota do executivo açoriano.

O gabinete da secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, lembra ainda que as câmaras hiperbáricas de Ponta Delgada e da Horta “estão em pleno funcionamento” e que os profissionais de saúde que operam com estes equipamentos, estão “devidamente credenciados” para trabalharem com estes sistemas, e fazem-no “sem quaisquer problemas de natureza técnica”.

“Os médicos, técnicos e enfermeiros têm um conhecimento claro e nítido de todas as normas de segurança para os destinatários dos cuidados, para os profissionais e respetivos equipamentos, assim como dos protocolos de atuação, dos efeitos terapêuticos e adversos da oxigeno-terapia hiperbárica, do manuseamento e funcionamento da câmara hiperbárica como dispositivo clínico no tratamento, nomeadamente de feridas”, refere ainda o esclarecimento do Governo.

Quanto à câmara hiperbárica das Flores, oferecida pelo Clube Naval da Horta para dar apoio aos praticantes de mergulho no Grupo Ocidental dos Açores, está inoperacional há vários anos, e apenas era utilizada, pontualmente, por um médico do Hospital da Horta, quando se deslocava àquela ilha.

A sala onde o equipamento estava montado, junto à morgue do Centro de Saúde, foi, entretanto, transformada em armazém e arquivo.

As câmaras hiperbáricas permitem estimular o crescimento de células e aumentar a circulação sanguínea, através da introdução de grandes quantidades de oxigénio, em ambiente de pressão atmosférica mais elevado do que o normal.

Estes equipamentos são utilizados, por exemplo, no tratamento de feridas que não cicatrizam e também em situações de anemia grave, embolia pulmonar, queimaduras, envenenamento, descompressão e gangrena, entre outros.

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