O PSD/Açores alertou hoje que existe ainda “mais matéria a ser investigada” na gestão da SATA, lembrando que cabe ao Ministério Público analisar a existência de crimes, a propósito da auditoria do Tribunal de Contas (TdC) ao grupo.
“O PSD quer dizer que há mais matéria que deverá ser investigada. Não é por acaso que no próprio relatório da auditoria do Tribunal de Contas o Ministério Público, nomeadamente o DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Lisboa, requer a necessidade da concessão deste mesmo relatório para o analisar”, afirmou o vice-presidente do PSD nos Açores, Luís Maurício.
O dirigente regional falava aos jornalistas na sede da estrutura partidária em Ponta Delgada para apresentar as conclusões da reunião da comissão política regional do PSD/Açores.
Segundo o relatório da auditoria do TdC, divulgado na quarta-feira, entre 2013 e 2019, o grupo SATA “acumulou prejuízos na ordem dos 260 milhões de euros, dos quais 233,4 milhões de euros (90%) foram gerados pela Sata Internacional – Azores Airlines”.
Relativamente à transportadora aérea, Luís Maurício considerou que “a negligência e a irresponsabilidade” do PS quando liderou o Governo dos Açores “ultrapassaram todos os limites”.
“O PSD não é um tribunal. É um partido político. Portanto, se há crime ou não há, o Ministério Público dirá. Volto a dizer: não é por acaso que não foi o PSD que solicitou. Foi o DIAP de Lisboa que solicitou o relatório da auditoria ao grupo da SATA para o investigar”, reforçou.
O social-democrata lembrou a compra de um avião Airbus A330 que “nunca foi devidamente explicada” e “está envolta em contornos graves”, admitindo a viabilização de uma comissão de inquérito ao grupo SATA, tal como defende o Chega.
“O PSD, e o seu grupo parlamentar, não deixará de ponderar em devido a tempo e no momento próprio na Assembleia Regional a eventual viabilização desta comissão de inquérito ao grupo SATA”, afirmou.
O antigo líder parlamentar do PSD/Açores acusou o PS, que liderou o executivo açoriano de 1996 a 2020, de levar o setor público empresarial à ruína, através de uma “gestão negligente e irresponsável”, dando exemplos de várias empresas regionais.
“Com o PS, a Portos dos Açores acumulou dívidas que levariam 148 anos a ser pagas pela empresa. Com o PS, a Ilhas de Valor emprestou milhões de euros a privados que nunca serão recuperados. Com o PS, a Lotaçor viu o seu passivo aumentar de tal forma que seriam precisos 45 anos para a empresa o liquidar”, destacou.
Luís Maurício afirmou que o atual Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) “está a salvar as empresas públicas que o PS deixou falidas”.
“É com o governo da coligação que o grupo SATA alcança o primeiro EBITDA [resultado antes de impostos, amortizações e juros] positivo da última década”, assinalou.
O social-democrata destacou ainda os “avanços democráticos” registados nos Açores desde 2020, uma vez que deixou de “haver ingerência” nas empresas públicas, “há respeito pelas oposições” e o parlamento açoriano assumiu um “papel central no sistema político”.
“Enquanto na República se assiste a uma degradação política e institucional, nos Açores há avanços democráticos no sistema politico”, comparou.
O vice-presidente do PSD/Açores garantiu ainda que os sociais-democratas vão coligados às próximas eleições regionais com o CDS-PP e o PPM, tal como previsto no acordo de governação.
“O PSD é um partido de palavra. […] No acordo que foi estabelecido, os três partidos, PSD, CDS-PP e PPM, estarão nas próximas eleições regionais coligados previamente”, concluiu.