As trabalhadoras da Cofaco, em São Miguel, Açores, realizam entre 01 de maio e 28 de agosto greve às segundas e sextas-feiras, e às horas extraordinárias, na terceira paralisação em luta pela progressão nas carreiras, foi hoje anunciado.

As operárias da unidade de transformação da conserveira Cofaco, na vila de Rabo de Peixe, iniciaram, desde setembro de 2022, paralisações, reivindicando a progressão das manipuladoras na carreira profissional, a “dignificação e valorização do trabalho, a conciliação da vida profissional com a pessoal e familiar”, bem como o “aumento do subsídio de alimentação e das diuturnidades e aumentos salariais justos”.

O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comercio Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/AÇORES), Vítor Silva, adiantou hoje que “o terceiro pré-aviso” de greve inclui “uma situação nova” relacionada “com a luta pelas 35 horas de horário de trabalho semanal”.

Vítor Silva revelou, em conferência de imprensa, que esta reivindicação vai ser alargada “a outras empresas” e “a outros setores”, nomeadamente em relação às ajudantes dos colégios, uma “luta pela consagração das 35 horas” que permita “a conciliação da vida pessoal e da vida familiar”.

No caso da reivindicação da progressão das manipuladoras das trabalhadoras da Cofaco, o dirigente do SITACEHT/AÇORES explicou que o sindicato sugeriu que essa categoria “fosse dividida em pelo menos três níveis para que as trabalhadoras beneficiem de distinção e aumentos salariais”, alegando que “os únicos aumentos” que as operárias têm são “os decorrentes do aumento da retribuição mínima regional”.

“Ou seja, estas trabalhadoras estão a ser duplamente prejudicadas – durante toda a vida de trabalho a auferir o salário mínimo e, quando se reformam, pelos valores descontados têm reformas de miséria”, vincou.

Vítor Silva referiu que a administração da Cofaco Açores, detentora de marcas Bom Petisco, Tenório e Pitéu, “não aceita esta pretensão da dignificação profissional das trabalhadoras”, frisando que “não resta outra alternativa às trabalhadoras e ao SITACEHT/Açores, que não seja continuar a luta e avançar com o aviso prévio de greve”.

A paralisação visa “a progressão das manipuladoras na carreira profissional, a dignificação e valorização do seu trabalho, conciliação da vida profissional, com a vida pessoal e familiar, as 35 horas de horário de trabalho semanal, aumentos dignos do subsidio de alimentação e das diuturnidades e aumentos salariais justos”, acentuou.

Vítor Silva garantiu que o sindicato “irá até às últimas consequências”, até que seja “corrigida a situação” das trabalhadoras da Cofaco, admitindo recorrer do ponto de vista constitucional.

De acordo com Vítor Silva, num universo de “220 trabalhadores da Cofaco, 85% está impossibilitada de progredir na categoria profissional”

A greve, que será iniciada a 01 de maio, será também, “simbolicamente”, o dia em que o sindicato vai iniciar uma petição pelo aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional na Região, para compensar o “aumento muito significativo do custo de vida”, face aos rendimentos “muito baixos” que auferem os trabalhadores na Região.

“Mais de 11% dos trabalhadores açorianos são pobres. Ou seja, são pessoas que trabalham mas mesmo assim são pobres, porque os vencimentos são extremamente baixos”, apontou Vítor Silva.

O dirigente sindical concretizou que a petição reivindica “um aumento de 5 para 10%” do acréscimo regional ao salário mínimo nacional