A hipocrisia galopante que corre nos corredores de poder desta coligação regional parece não ter limites, e neste momento o difícil passou a ser a escolha sobre qual das imensas ações hipócritas devo escrever.
De facto, as hipocrisias no XIII Governo Regional dos Açores são mais ou menos como os chapéus do Vasco Santana, só que parece que é de nós que querem fazer palermas.
Em artigos recentes, escrevi repetidamente na falta de novidades na direção regional, que já não é da cultura, acerca dos apoios aos diversos setores da criação artística e da valorização patrimonial.
Da falta de novidades passamos agora às novidades desastrosas. Refiro-me à notícia publicada no Açoriano Oriental de 13 de abril referente ao “Corte no apoio ao Património Baleeiro causa desconforto e insatisfação”.
De acordo com Manuel Costa, diretor do museu do Pico e Presidente da Comissão Consultiva do Património Baleeiro, a realidade é de tal forma infeliz que, após 5 horas de reunião com Duarte Chaves, a conclusão dos membros da Comissão foi a de que, nem vale a pena reunir mais.
Relembro, caso seja necessário, que o nosso Património Baleeiro é único e um traço muito importante da história e cultura desta Região.
Dificilmente a dívida atinge o zero, como anseia Duarte Freitas, mas o extermínio da Cultura continua em marcha apressada.
Aproveito para recordar que, dentro do vasto programa do atual governo, a palavra “Património” aparece apenas dezoito vezes, e apenas na página 76 é referida a intenção de recuperar o património histórico das atividades tradicionais no âmbito marítimo, valorizando-os enquanto ativo para a Região.
Julgando que o Património Baleeiro enquadrar-se-á nesse manifesto de interesses, pergunta-se como tencionam estimar esse património se a Comissão Especialista do mesmo é perentória em afirmar que nem há condições para trabalhar.
De facto, a Cultura encontra-se praticamente suspensa, na nossa Região. Assistimos a um ano em que os “Assuntos Culturais” tiveram um corte orçamental, as e os agentes culturais enfrentam enormes dificuldades em produzir Cultura para que possamos usufruir, interpretando-se como uma desvalorização do trabalho e dedicação destas pessoas.
É por demais evidente o descontentamento que grassa entre as e os agentes culturais. O atraso sistemático e recorrente nos pagamentos e nos resultados das candidaturas, que se torna a verificar, condiciona fortemente a produção de Cultura, na nossa Região, levando a que os planos, e investimento de poupanças, seja feito com base na esperança de obtenção de um resultado favorável às suas candidaturas ao apoio do Governo Regional. Dificilmente, conseguem manter equipas.
São factos que nem a entrevista do novo Diretor Regional dos Assuntos Culturais, ao Açoriano Oriental, consegue desmentir. Entretanto, esperemos para ver se as suas respostas não serão mais alguns dados para compreendermos, ainda melhor, Giuseppe Tomasi di Lampedusa.
Não são rosas senhoras e senhores. É mesmo hipocrisia. Como diz Bolieiro: Indubitavelmente