Vila Nova do Corvo

O Conselho de Ilha do Corvo defendeu hoje uma “solução urgente” para o transporte de resíduos entre a ilha e o exterior, através da realização de viagens marítimas extraordinárias, de acordo com o memorando enviado à Lusa.

Segundo o documento a submeter ao Governo dos Açores, no âmbito da sua visita oficial de dois dias à ilha do Corvo, que se inicia quinta-feira, os conselheiros, liderados por João Pedras, apontam a necessidade de “encontrar uma solução urgente para o transporte de resíduos entre o Corvo e o exterior, com recurso a viagens marítimas extraordinárias, exclusivamente para esse fim”.

De acordo com o estatuto político e administrativo dos Açores, o Governo Regional tem de visitar pelo menos uma vez por ano todas as ilhas do arquipélago que não possuem secretarias regionais, como é o caso das Flores, Corvo, Graciosa, São Jorge, Pico e Santa Maria.

O executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM decidiu, este ano, começar pela mais pequena parcela da região.

O Conselho de Ilha do Corvo sugere a “articulação do transporte entre o Centro de Processamento de Resíduos (CPR) e o Porto da Casa com os diversos serviços públicos sediados na ilha, o município e a empresa que explora aquele centro”.

Os conselheiros querem que seja promovida a reparação da cobertura do Centro de Processamento de Resíduos e que seja “garantida a aquisição/reparação com equipamentos adequados e indispensáveis ao seu bom funcionamento”.

O organismo pretende a manutenção do navio “Thor B” na rota entre o Faial, o Corvo e as Flores, bem como a realização por esta embarcação de “todas as viagens extraordinárias necessárias até que toda a carga com destino ao Corvo seja reposta”.

O Conselho de Ilha do Corvo quer a contratação de um intermediário na Horta, na ilha do Faial, que receba a mercadoria com destino ao Corvo e organize a calendarização das viagens do “Thor B”, assim como uma “comunicação atempada da planificação das viagens” e uma solução para o embarque e desembarque de contentores com mais de 10 toneladas, na Horta e no Corvo.

Pretende-se ainda que sejam incrementadas as viagens da embarcação “Ariel”, entre as Flores e Corvo, visando, em caso de cancelamento, “assegurar a reposição no dia seguinte”, bem como o “alojamento e as refeições dos passageiros”.

O Conselho de Ilha preconiza a aquisição e recuperação de casas, de terrenos e construção de habitações “para resolver a questão da falta de habitação”, bem como quer saber o “ponto de situação do novo quadro comunitário e para quando a sua operacionalização”.

Para os conselheiros, é “urgente a realização de uma campanha de desratização a nível de ilha, também com recurso a armadilhas, numa intervenção realizada conjuntamente pelos serviços públicos sediados na ilha, pelo município e pelos privados que pretendam aderir”.

O Conselho de Ilha quer que o Governo dos Açores promova o planeamento de “uma intervenção de forma a controlar o elevado número de cabras e ovelhas selvagens existentes no Corvo”, bem como que se faça um estudo para a recuperação e requalificação das lagoas do Caldeirão.

A ilha do Corvo é a mais pequena parcela dos Açores, situada já na placa americana, possuindo, de acordo com a operação Censos 2021, 386 habitantes.

Os Censos 2021 indicam que os Açores registaram uma quebra de população residente de 4,1% desde 2011, com um dos decréscimos mais acentuados a registar-se no Corvo (10,2%), que nos últimos 10 anos perdeu 44 residentes, passando para 386.

Na altura da divulgação dos dados do Censos 2021, o presidente da Câmara Municipal do Corvo, José Manuel Silva, referiu que “esse decréscimo decorre daquilo que foram os critérios para os censos deste ano” e, na realidade, a ilha “tem bastante mais população” do que revelam as estatísticas, “devendo ter nesta altura entre 440 a 450 pessoas”.

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