O PS/Açores alertou hoje para constrangimentos na atividade assistencial da Unidade de Saúde da Ilha Terceira (USIT), alegando que há falta de médicos e assistentes técnicos e de meios financeiros para assegurar cuidados de proximidade.

“Muitas das situações que colocam constrangimento na atividade assistencial e na gestão da Unidade de Saúde da Ilha Terceira são comuns ao Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, nomeadamente questões orçamentais. Foi-nos reportada, por parte do conselho de administração, a dificuldade em fazer face ao momento que atravessamos”, adiantou o deputado socialista Tiago Lopes, em declarações aos jornalistas, no final de uma reunião com o conselho de administração da USIT.

Segundo Tiago Lopes, que foi diretor regional da Saúde no anterior executivo açoriano, os constrangimentos orçamentais estão a criar “sérias dificuldades” à unidade de saúde de ilha para dar resposta a protocolos com casas do povo, que permitem a descentralização dos cuidados de saúde pelas diferentes freguesias da Terceira.

O deputado socialista lembrou que o partido já tinha alertado, na discussão do Plano e Orçamento para 2023, para a necessidade de reforço de verbas na área da Saúde.

“A dotação orçamental que estava na proposta apresentada pelo Governo [PSD/CDS-PP/PPM] era manifestamente insuficiente para fazer face quer à crise inflacionista, quer àquilo que já era expectável, que era o aumento da massa salarial, por via dos aumentos da função pública”, apontou.

Tiago Lopes disse que existem, atualmente, três freguesias no concelho de Angra do Heroísmo sem núcleo de saúde familiar (Porto Judeu, Posto Santo e Terra Chã), mas ressalvou que há, com a nova titular da pasta da Saúde, uma “perspetiva diferente” de retoma do núcleo da Terra Chã.

O deputado alertou, por outro lado, para a falta de assistentes técnicos, que também impedem a abertura de núcleos de saúde familiar nas freguesias.

“Já no ano passado tinham solicitado a abertura de vagas para assistentes técnicos e não foi autorizado, nem no ano passado, nem este ano”, afirmou, alegando que o conselho de administração “não especificou” o número de funcionários em falta.

Quanto ao número de médicos de medicina geral e familiar, Tiago Lopes reconheceu que “foram contratados médicos” nos últimos dois anos, mas disse que “não foram os suficientes para fazer face às saídas”.

“Há uma necessidade de adaptar o número de vagas para fazer face às saídas que são previsíveis. Por exemplo, no Centro de Saúde da Praia [da Vitória] foi-nos reportado que este ano irão reformar-se pelo menos mais três médicos de medicina geral e familiar, que irão colocar a descoberto muitos utentes que irão ficar expectavelmente sem médico de família”, avançou.

“Isso era uma situação que já era conhecida e que deveria ter sido reportada ou vertida no âmbito do recrutamento que foi aprovado para este ano”, acrescentou.

O parlamentar socialista apontou ainda a falta de espaço para novas valências no Centro de Saúde de Angra do Heroísmo, considerando que as instalações da antiga escola de enfermagem já podiam estar a ser utilizadas.

“É uma solução que está a ser pensada, quanto a nós um pouco tardiamente, porque na altura quando se decidiu retirar daqui os funcionários da direção regional da Saúde das instalações da antiga escola de enfermagem devia-se ter logo apostado na dotação deste espaço para dar resposta às necessidades da Unidade de Saúde da Ilha Terceira”, referiu.