A Federação Agrícola dos Açores alertou hoje que a redução do valor do leite vai causar um prejuízo de 30 milhões de euros, tendo o presidente do Governo Regional exortado as indústrias a pagar um “preço justo”.

“Se a redução do preço do leite for a que já está anunciada, serão, até ao final do ano, cerca de 30 milhões de euros de prejuízo para os produtores de leite”, disse aos jornalistas o líder da Federação Agrícola dos Açores (FAA), Jorge Rita, durante o XV Curso de Preparadores de Animais, que decorreu na Associação Agrícola de São Miguel, na Ribeira Grande.

A Prolacto anunciou uma redução de cinco cêntimos no preço do leite pago ao produtor a partir de 01 de abril, enquanto a BEL anunciou uma baixa de três cêntimos a partir de maio.

Jorge Rita acusou a indústria de ser “muito proativa” na redução do preço de leite e “muito tardia” na subida do valor pago ao produtor.

“Durante o último ano, as subidas deviam ter sido muito mais acentuadas, como foram em todos os mercados internacionais. Isso não aconteceu. Ficaram no bolso da indústria e da distribuição perto de 20 milhões de euros no ano passado, por não pagarem de forma atempada e completa aos produtores”, criticou.

O líder da FAA, que também preside à Associação Agrícola de São Miguel, avisou que a indústria dos laticínios já baixou o preço do leite sem que os consumidores tenham sido “beneficiados” com uma redução do preço final.

“A nossa indústria não merece os produtores que tem”, atirou.

Jorge Rita reforçou que a região deve apostar na “excelência do produto” em detrimento de uma aposta na quantidade.

“Temos de mudar o paradigma de venda de produtos de baixa gama nos Açores. Tem de ser uma mudança rápida por parte da indústria e de todos os que estão na área comercial. É inimaginável que a produção de leite termine nos Açores quando representamos mais 300 milhões de euros de exportações da região”, vincou.

O presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, disse respeitar as regras do mercado, manifestando-se “solidário” com os agricultores.

“A produção está a fazer o seu papel. A indústria tem de assumir a sua responsabilidade no sentido da transformação de qualidade para que, na lógica do funcionamento do mercado, seja no preço ao consumidor, seja num preço justo a pagar ao produtor, haja um reequilíbrio”, assinalou.

O líder regional defendeu as políticas do Governo dos Açores no setor agrícola, que combateram o “esmagamento de rendimento que recaia de forma injusta e constante no produtor”.

Bolieiro prometeu ainda que o executivo vai estar “vigilante” para promover um “equilíbrio justo” entre os “preços e os rendimentos”.

“Fica uma exortação à indústria. Que olhe para o bom funcionamento do mercado e para esta cadeia de valor. Não é esmagando o preço ao produtor que temos matéria-prima, qualidade e quantidade suficiente para fazer funcionar a nossa economia”, concluiu.