D. Armando Esteves Domingues pede a todos os cristãos diocesanos que não desistam de lutar pelo bem dos outros, na mensagem pascal que acaba de partilhar com os açorianos.

O prelado, que vive a sua primeira Semana Santa como bispo titular da diocese insular sublinha que a ressurreição de Cristo é a certeza de que a esperança e a paz chegam a todos os açorianos independentemente da sua circunstância pessoal.

“Cristo ressuscitou verdadeiramente e traz esperança aos que sofrem com a incerteza da vida e do futuro, aos que continuam a lutar pelo bem dos outros, aos que cuidam da vida, das relações, da qualidade de vida dos irmãos”, lê-se na mensagem intitulada “O Ressuscitado vive no meio de nós”.

“Ele é o Ressuscitado para as nossas relações, para as famílias, para aqueles que vivem e trabalham em lares de idosos, para aqueles que cuidam de pessoas com deficiência ou doença mental, para aqueles que trabalham ou estão detidos em prisões, para aqueles que estão ao serviço das nossas comunidades paroquiais”, escreve ainda.

D. Armando Esteves, que presidirá na catedral a todas as celebrações pascais, deixa uma palavra especial para todos os que se encontram numa situação de fragilidade “que vivem mergulhados no sofrimento, na solidão, no esquecimento ou no desespero da pobreza, da falta de casa, de pão ou trabalho” e não esquece as vítimas de abusos.

“Não esqueço, este ano, as vítimas inocentes dos abusos, esses irmãos e irmãs nossos que correm o risco de, no meio de toda a babel da comunicação e discussões secundárias, serem relegadas para posição secundária ou até ao esquecimento. Não o queremos nem podemos deixar que aconteça” escreve o bispo de Angra que, desde a primeira hora, tomou como prioridade e foco da sua estratégia contra os abusos dentro da Igreja as vítimas.

O prelado, que afirma que a Páscoa “precisa de continuação” para ser “operativa” desse amor que resulta da ressurreição deixa mais um desafio a todos os cristãos do arquipélago: “como Igreja diocesana, em tempos de renovação Sinodal, continuemos a tentar encurtar as distâncias entre Jesus e cada um de nós, as nossas comunidades, o nosso modo de ser hoje seus discípulos”.

“Façamo-lo, acolhendo o seu estilo e fazendo nossa a sua atenção, humilde e respeitosa, para com todos aqueles que a vida coloca ao nosso lado e nos faz encontrar”, escreve.

“Que a abertura ao Ressuscitado gere em cada um uma confiança, uma esperança, uma sede de bondade capaz de resistir perante todas as provações e tentações; e que a Vida nascida da sua doação nos torne mulheres e homens «para os outros»”, mesmo os que estão fora da Igreja mas “ procuram sentido, bondade, felicidade e plenitude”.

D. Armando Esteves convida “especialmente os sacerdotes, a levar o perfume de Cristo ressuscitado até à solidão, à miséria e à dor de tantos irmãos e irmãs, derrubando a pedra da indiferença”.

“Que Ele seja fonte da mais verdadeira felicidade e impulso para fazer da existência uma vida de serviço humilde, sem esperar recompensa. As oportunidades são inúmeras, a vida está cheia delas: não as desperdicemos”, escreve ainda, depois de sugerir a leitura de um poema da mística francesa Madeleine Delbrêl, onde evoca valores como o serviço e a humildade como linhas mestras do caminho do cristão.

“A todos, especialmente àqueles que sofrem no corpo e no espírito, ofereço a minha proximidade”, escreve.

No inicio da Semana Santa que hoje começa, e de olhos postos do tríduo pascal, que celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus, o prelado convida os diocesanos a seguir o exemplo de Jesus.

“Ele, o Crucificado, conhece o nosso sofrer. Viveu-o no abismo da dor e do abandono. Conhece a angústia, a solidão extrema no patíbulo da cruz, o sabor amargo da traição e da negação, o aparente fracasso da sua missão, a dor física e moral”.

“O Sol da Páscoa da Ressurreição veio para brilhar sempre! Cristo não mais morrerá nem nos deixará só” afirma ainda destacando que “nem a morte nem o sofrimentos têm a última palavra”.

“Compete-nos programar o fim de todos os desamores, ódios, ressentimentos, atitudes bélicas e injustiças para acolher o Amor Ressuscitado”.

A mensagem termina com os votos do bispo de uma “Páscoa feliz”.

“Feliz Páscoa a toda a Igreja diocesana, para que, à luz do mistério pascal, prossiga unida e concorde no caminho que fazemos juntos. Feliz Páscoa a cada homem e mulher de boa vontade, aos governantes, às autoridades e quantos servem o bem comum. Que todos nos tornemos construtores de paz e mensageiros de esperança. Que o desânimo nunca nos limite ou nos impeça de dar o melhor de nós.”

O bispo diocesano presidirá a todas as celebrações na Sé: Terça, dia 4 de abril, Missa Crismal (12h00); Quinta-feira santa Missa da Ceia do Senhor(18h00); Sexta-feira santa Paixão do Senhor(15h00) e Via -sacra (20h00) e Vigília Pascal (21h30).

D. Armando Esteves presidirá ainda na tarde de Quinta feira-santa a uma celebração conjunta com os utentes das casas de saúde de São Rafael e Espírito Santo e no domingo de Páscoa no estabelecimento prisional de Angra, estando desta forma próximo de dois grupos particularmente sofredores: os doentes e os reclusos.

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